quinta-feira, 30 de março de 2017

Prova de Concurso para Fisioterapeuta Comentada

Prova do concurso para Fisioterapeuta da PREFEITURA MUNICIPAL DO JABOATÃO DOS GUARARAPES ESTADO DO PERNAMBUCO. Este é um projeto novo que visa ajudar aos que pretendem estudar para realizar concurso público para Fisioterapeuta. Toda semana um vídeo novo será publicado na aba "CURSINHO PARA CONCURSOS".


terça-feira, 28 de março de 2017

Hidroterapia e Osteoartrite

A Osteoatrite (OA) é uma doença crônica que afeta as articulações, principalmente joelho e quadril, que tem a dor como um importante sintoma limitador. A dor quando associado a rigidez articular, instabilidade e fraqueza, limitam a realização das atividades diárias. Diversos são os tratamentos propostos, dentre eles podemos utilizar a hidroterapia. Em função de suas características físicas, a água é muito utilizada como recurso já que os exercícios neste meio seriam mais facilmente realizados, em função da diminuição do efeito da gravidade e com isso do impacto sobre as articulações que sustentam peso. Fortalecer a musculatura que envolve as articulações comprometidas, é também um importante objetivo no tratamento destes pacientes.
Mas será que o meio aquático promove aumento da força e da função em pacientes com OA?
Recentemente foi publicado um estudo de revisão sistemática na Revista Brasileira de Reumatologia, que avaliou e comparou os efeitos dos programas de exercícios aquáticos na força muscular e na funcionalidade de sujeitos com OA.
Foram selecionados 296 estudos e pelos critérios de exclusão sobraram 12 estudos.


A revisão mostrou que apenas dois dos cinco estudos que avaliaram a força, mostraram diferenças significativas. Wang et al. (2007) conduziram um programa de exercícios durante 12 semanas com 3 sessões semanais, que era composto de exercícios de fortalecimento, aeróbico e flexibilidade com intensidade progressiva e controlada e encontraram aumentos significativos na força isométrica dos flexores e extensores do joelho e dos flexores, extensores, abdutores e adutores do quadril. O outro estudo que mostrou diferença, foi conduzido por Hinman et al. (2007) e utilizou um programa de exercícios 2 vezes por semana durante 6 semanas, com progressão do volume e do grau de dificuldade. Ambos os estudos tiveram como características iguais e fundamentais para o ganho de força, o controle e o aumento da sobrecarga dos exercícios, ponto fundamental para resultar nas adaptações neuromusculares esperadas. Por outro lado, Lund et al. (2008) não encontraram melhora na força após a intervenção, porém atribuíram o resultado negativo a baixa resistência imposta durante os exercícios.
Os estudos que compararam o programa de exercícios aquáticos e os exercícios em terra, mostraram resultados semelhantes na função e na dor, porém quando avaliou-se a força, os exercícios em terra foram mais efetivos quando comparado com a hidroterapia.
Na avaliação da função, os estudos da revisão mostraram que um programa de exercícios na água por 6 semanas ou mais, 2 a 3 vezes por semana e com duração de 45-60 minutos, podem ser efetivos na melhora da mobilidade e da velocidade de marcha.
Diante disto, os autores da revisão concluíram que os programas de exercícios aquáticos com pelo menos 6 semanas que possuem exercícios de fortalecimento e aeróbicos podem aumentar a força de membros inferiores e a função de pacientes com OA. É importante que os programas sejam individuais e que controlem a intensidade e a sobrecarga, princípios fundamentais na prescrição de exercícios efetivos nas adaptações neuromusculares.

FONTE: MATOS et al.; Effects of aquatic exercise on muscle strength and functional performance of individuals with osteoarthritis: a systematic review; Rev Bras Reumatol. 2016;56(6):530–542.


O estudo de Wang et al. (2007)Effects of aquatic exercise on flexibility, strength and aerobic fitness in adults with osteoarthritis of the hip or knee, utilizou o seguinte programa de exercícios:
  • 5 minutos de aquecimento: Caminhada, marcha com mudanças de direção e movimentação dos braços e levantando alternadamente os joelhos;
  • 10 minutos de treino de flexibilidade;
  • 10 minutos de treino aeróbico que incluíram:  Heel Jacks (polichinelo), Rocking Horse, Elbow to Knee (cotovelo no joelho), Jump Jack (outra versão do polichinelo), Cossack Shuffle, Cross-Country Ski and Four Square Waltz Step;
  • 10 minutos de exercícios de força para membro inferior:
  • 5 minutos de exercícios de força para membro superior;
  • 5 minutos de desaquecimento.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Kinesio Taping e Dor no Ombro Hemiplégico

A dor no ombro hemiplégico (DOH) é uma complicação comum após uma AVC que dificulta a reabilitação neste pacientes, além de afetar na realização das AVD´s e na qualidade de vida. 
A causa da DOH é a subluxação potencializada pelo efeito da gravidade e pode ser causada pela fraqueza, ruptura ou tendinopatia dos músculos da bainha rotatória, tendinopatia do tendão do bíceps e/ou deltóide. Vários tratamentos são propostos mas nenhum deles mostra superioridade quanto a eficácia e as evidências sobre o assunto são bem escassas. O Kinesio Tapping (KT) pode ser uma dessas estratégias e para provar sua eficiência foi feito um estudo duplo-cego randomizado e controlado para avaliar os efeitos do KT na DOH.
Vinte e um pacientes participaram da pesquisa e foram divididos em dois grupos. Um grupo que utilizou o KT (GKT) e um grupo controle (GC). O GC utilizou um KT aplicado de forma diferente do que seria preconizado pelo método e sem tensão, funcionando como placebo. Ambos os grupos receberam um programa idêntico de reabilitação. O estudo durou 3 semanas e tempo de follow-up também foi de 3 semanas. Nenhum dos participante receberam qualquer tipo de tratamento antes do estudo e a aplicação do KT nos dois grupos foi feitos pelo mesmo fisioterapeuta.

O KT era mantido por 3 dias e havia um descanso de 24 horas para recolocar novo KT. O KT foi colocado em 3 locais, ambos com tensão leve (15-25%). Um primeiro era colocado em forma de "I" no supraespinhoso, um em forma de "Y" no deltóide e na inserção do bíceps braquial e um terceiro em forma de "I" na direção anterior para posterior.
Foi avaliado a EVA para dor, o questionário The Shoulder Pain and Disability Index (SPADI) para avaliar a função e um foi feito também um exame de Ultrassonografia para avaliar tendinite e a distância sub-acromial para avaliar a subluxação do ombro, além da ADM livre de dor. Os grupos realizaram além do KT um programa de reabilitação 5 dias da semana, pore´m o estudo não descreve o protocolo utilizado.
Os participantes do grupo KT tiveram uma melhora significativa na EVA (p=0,008), flexão de ombro (p=0,008). rotação externa (p=0,006), rotação interna (p=0,040) e no SPADI (p=0,001).
As limitações do estudo ficaram por conta do número reduzido de participantes, pela característica da doença dos participantes, somente agudo e sub-agudo, o que limita a generalização para pacientes crônicos e o fato de não ter tido como evitar que os participantes utilizassem de algum medicamento analgésico ou anti-inflamatório durante o estudo.

FONTE: Yen-Chang HUANG et al.; EFFECTS OF KINESIO TAPING FOR STROKE PATIENTS WITH HEMIPLEGIC SHOULDER PAIN: A DOUBLE-BLIND, RANDOMIZED, PLACEBO-CONTROLLED STUDY; J Rehabil Med 2017; 49: 208–215.

sexta-feira, 17 de março de 2017

Avaliação: Lombar, Sacroilíaca e Quadril

A dor lombar (LBP) é uma condição comum nos tempos atuais. Cerca de 85% das pessoas já tiveram pelos menos um episódio de dor lombar durante sua vida. Diversas são as causas, e por isso difícil é o diagnóstico preciso da etiologia. A fonte da dor pode estar localizada em estruturas da região lombar, mas outras estruturas como as articulações sacroilíacas e quadril podem ser a fonte ou uma das possíveis causas da dor. Diversos autores tem mostrado a relação da LBP com a mobilidade da própria lombar, com a mobilidade e força na articulação do quadril e com a mobilidade da articulação sacroilíaca.  
Artigo publicado na Musculoskeletal Care de 2012 lista uma série de testes com alta sensibilidade e especificidade que devem ser incluídos na avaliação física de rotina de pacientes com LBP.
  • Mobilidade: Flexão lombar, extensão e rotação associado ou não com a dor, devem ser quantificado e qualificado. 
    • A flexão é avaliada com o paciente em pé com os joelhos estendidos e o examinador posicionado atrás. Sintomas de periferização da dor devem ser observados, o que sugere compressão de raiz nervosa. A flexão limitada pode ser pela rigidez dos isquiotibiais, limitações na sacroilíaca ou na mobilidade espinhal. Diminuição da irradiação da dor durante movimento repetitivo, conhecido como centralização da dor, indica preferência direcional do movimento. Movimentos combinados conhecidos como teste do quadrante também podem ser utilizados. O teste avalia tanto a compressão de raiz quanto as estruturas posteriores no lado da rotação. Dor irradiada indica compressão, dor localizada no mesmo lado da rotação indica sobrecarga nas estruturas posteriores.

  • Agachamento: Permite avaliar força dos extensores do joelho e do quadril e observar a quantidade e qualidade do movimento no quadril, joelho e tornozelo. Fraqueza ou desequilíbrio muscular, limitação articular e dor e assimetria na distribuição de peso podem ser observados durante o agachamento. Nas figuras abaixo são mostrados o padrão normal (A) e a disfunção (B).

  • Mobilidade do quadril: É avaliado a flexão, extensão, rotação interna (RI) e externa(RE). Limitação na RE e RI tem forte associação com a dor lombar e presença de coxartrose. Movimentos combinados do quadril também podem ser utilizados. Flexão, adução e RI (FAIR) são elementos do Hip Scour Test, e dor anterior sugere lesão acetabular. O FAIR também identifica síndrome do piriforme (Figura abaixo). O movimento combinado de flexão, abdução e RE (FABER) pode ser utilizado, e dor na região medial do quadril indica alteração articular. Um teste FABER positivo pode indicar também uma restrição na cápsula anterior ou posterior. Dor na nádega contralateral, pode indicar uma disfunção sacroilíaca.

  • Testes de provocação da sacroilíaca: O Thrust test avalia possível disfunção na sacroilíaca. É feito uma compressão no fêmur pra baixo com o sacro estabilizado pelo examinador, conforme figura abaixo. Dor indica disfunção na articulação. O Thrust test faz parte de ma bateria de 5 testes que auxiliam no diagnóstico das disfunções da sacroilíaca. São eles: o Thrust test, FABER test, teste de distração, de compressão e o Gaenslen. A recomendação das revisões sobre o assunto, diz que desses 5 testes, se 3 forem positivos, a probabilidade de haver uma disfunção sacroilíaca fica em torno de 65-93% e mais do que 3, a probabilidade aumenta para 77-99%.


  • O teste de Thomas, semelhante ao Gaenslen Test, também seria importante realizar para medir a flexibilidade do Iliopsoas e Reto femoral. Para medir a flexibilidade dos Isquiotibiais, o teste de elevação da perna estendida. Uma diminuição de até 20° na flexão do quadril é considerado normal, mas o mais importante é avaliar uma diferença entre os lados, o que gera sobrecarga assimétrica e desgaste maior de uma lado em relação ao outro.

  • Teste de Provocação Neural: Slump Teste reproduz os sintomas de uma disfunção de causa neural. O teste é considerado positivo de aparecer a dor durante o teste, e se essa dor for aliviada com a extensão da cervical ou a flexão plantar.

Johnson & Wong - A Narrative Review of Evidence-Based Recommendations for the Physical Examination of the Lumbar Spine, Sacroiliac and Hip Joint Complex; Musculoskelet. Care 10 (2012) 149–161.