quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Tendinopatia de Aquiles

A tendinopatia de Aquiles é uma patologia comum em corredores, que pode ser causada por erros no treinamento, técnica de corrida, tênis e terreno inadequado, além de fatores intrínsecos, relacionados ao indivíduo, como disfunção no tríceps sural, idade, excesso de peso, fraqueza muscular, desalinhamento do membro inferior, pé cavus e excesso de pronação. 
Azevedo LB (2009) et al. publicaram um estudo que tinha como objetivo investigar a cinética, a cinemática e a atividade muscular em corredores portadores de tendinopatia de Aquiles. O estudo apresentou como resultados; variáveis cinéticas similares entre o grupo lesado e não lesado, diminuição da amplitude de flexão do joelho entre as fases de apoio do calcanhar e médio apoio no grupo lesionado (p=0.011), diminuição da atividade muscular, avaliada via eletromiografia, do tibial anterior, reto femoral e glúteo médio no grupo com lesão. A atividade muscular diminuída pode acarretar uma ineficiência da ação dos músculos em absorver choque após o apoio do pé, aumentando a possibilidade de lesões. Estima-se que o tendão de aquiles suporta uma carga seis vezes maior que o peso corporal durante a corrida, e se há perda nos mecanismos de absorção e atenuação destas forças, a estrutura seria comprometida causando a patologia. Não é possível saber se as alterações são respostas adaptativas ou causadoras das lesões, mas os autores especulam que pela diminuição dos mecanismos de absorção do impacto pela ação muscular, os corredores lesionados estariam sujeitos a forças de impacto maiores, o que explicaria as lesões. Eles também propõem como medida preventiva e reabilitadora, os exercícios ou outros mecanismos (tênis adequado) que estimulem a atividade muscular do tibial anterior, reto femoral e glúteo médio.

FONTE: Biomechanical variables associated with Achilles tendinopathy in runners, 2009


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Crioterapia e LCA

Na reabilitação pós-operatória de reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA), os protocolos acelerados, que estimulam precocemente a descarga de peso e os exercícios de força e propriocepção, são mais efetivos (van Grinsven, 2010), pois aceleram a recuperação e o retorno as atividades esportivas. Porém, o edema e a dor, são dois fatores que interferem no sucesso da intervenção. Diversos estudos tem demonstrado a eficácia da crioterapia na diminuição da dor e do edema (Airaksinen,2003 - Airaksinen,2007 - Martin,2001). Como o objetivo de testar a efetividade da crioterapia na melhora da dor e ADM do joelho em indivíduos adultos submetidos à cirurgia de reconstrução do LCA, Dambros et. al. publicaram um estudo clínico randomizado na revista Acta Ortopedica Brasileira, onde selecionaram 19 indivíduos e dividiram em dois grupos, grupo intervenção (n=10) e grupo controle (n=9). Os grupos foram submetidos ao mesmo protocolo de reabilitação, porém o grupo intervenção fez uso de bolsa de gelo e elevação por 20 minutos duas vezes por dia.
O grupo intervenção após 4 atendimentos (pós-operatório imediato) apresentou melhora mais significativa que o grupo controle na ADM de flexão e extensão de joelho, e nos níveis de dor medidos pela escala analógica de dor.
O estudo mostrou que a crioterapia no pós-operatório imediato foi eficaz na melhora da ADM e da intensidade da dor, o que contribui para diminuição nas complicações e auxilia no protocolo acelerado de reabilitação. A crioterapia tem também a vantagem de ser uma modalidade terapêutica de fácil aplicação podendo ser orientada para o uso domiciliar. 
As limitações do estudo ficam por conta do número reduzido de participantes, futuros estudos, com um número maior de participantes, devem ser feitos com o objetivo, de a longo prazo, determinar se realmente a crioterapia contribui positivamente na reabilitação deste tipo de intervenção cirúrgica.



quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Exercícios para a Síndrome da Banda Iliotibial

Exercícios


KinesioTapping para Síndrome


Lesões na Corrida - Caso Clínico


Corredora recreacional, 33 anos, apresenta uma dor na região lateral direita do joelho há aproximadamente 3 semanas quando foi correr em uma trilha enlameada e desnivelada. Estava treinando para uma maratona. Não apresentava histórico de lesões anteriores apesar de correr já a 3 anos.
Na avaliação clínica apresentou um sutil sinal de Trendelenburg na marcha, um calcâneo valgo, fraqueza funcional nos rotadores e abdutores do quadril direito, diminuição de flexibilidade nos Isquiotibiais, quadríceps e sóleo. Na palpação apresentou uma rigidez e um incomodo na banda iliotibial e teste de OBER positivo. Na análise da corrida a paciente apresentou hiperextensão do joelho e aumento da inclinação do pé durante a fase de contato inicial, além de aumento na adução do quadril, rotação interna da perna direita e valgo dinâmico do joelho.
Qual diagnóstico diferencial?
Diversas são as causas de dor lateral do joelho: Síndrome da banda iliotibial, lesão de menisco ou ligamento colateral e tendinopatia da porção lateral dos isquiotibiais(ITB). A dor de lesões no menisco e/ou no ligamento se caracteriza por ser uma dor na região da linha articular com testes especiais positivos, como o teste de McMurray (menisco) ou a tração lateral que coloca em tensão os ligamentos gerando dor. Ambos estão relacionados com lesões agudas e não crônicas. Nas tendinopatias dos ITB a dor é posterior e lateral, que aumenta com a flexão forçada e atividades excêntricas do joelho, pois coloca em tensão seus tendões supostamente inflamados.
A paciente apresenta um caso clássico de Síndrome da Banda iliotibial, que é causa mais comum de dor na região lateral dos joelhos dos corredores. A prevalência desta disfunção foi citada por alguns autores em torno de 12-22% dos praticantes de tal modalidade (Linenger,1992). A BIT está sob maior tensão quando o joelho se encontra a aproximadamente 30º durante o contato inicial. Segundo alguns autores, ocorre uma compressão e fricção de estruturas nervosas nesta região causando a dor (Fairclough,2008). Os sintomas tendem a aparecer em corridas longas ou curtas em alta velocidade, e durante subidas e descidas de escadas. É comum também em corredores que fazem o contato inicial com os calcanhares e com os pés supinados e os joelhos em varo, o que aumenta a adução e rotação interna. É comum também quando os corredores aumentam mais que 10% seu volume de treinamento numa determinada semana. Causas potenciais da síndrome são genu varo ou valgo, flexibilidade diminuída do quadríceps e discrepância no tamanho dos membros. 
Na fase aguda o tratamento é repouso, gelo e anti-inflamatório. Natação e bicicleta, livre da dor, estão liberados. Alongamento dos músculos do joelho e quadril também será indicado, de acordo com a avaliação física. A terapia manual pode auxiliar na melhora do mobilidade da cabeça da fíbula e das articulações do tornozelo. Fortalecimento dos abdutores, rotadores externos e extensores do joelho são fundamentais. Inicialmente o trabalho de fortalecimento começa em cadeia cinética aberta e evolui, de acordo com a melhora do quadro, para cadeia cinética fechada. Educação proprioceptiva e neuromuscular auxiliam no estímulo ao recrutamento eficiente dos abdutores e rotadores externos do quadril. Tapping e uso de palmilhas também odem ser utilizados. Após a melhora o retorno à corrida deve ser feito de forma gradativa, respeitando o princípio do sobrecarga.
Fonte: Diagnosis, Treatment, and Prevention of Common Running Injuries- Ryan C. Enke, MD, and Jonathan E. Gallas