terça-feira, 17 de abril de 2018

Disfunção Sacroilíaca e Fortalecimento do Glúteo Máximo

A disfunção sacroilíaca (SI) pode resultar em dor e perda de função. Diversos autores tem relatado a associação entre as alterações do músculo glúteo máximo (GM) com as disfunções da articulação sacroilíaca. Estudos sugerem que o GM ajuda na estabilização da SI e que estes músculos estão com sua atuação alterada em pacientes com sacroileíte. Pesquisas anteriores mostraram que os exercícios são eficazes na alteração da dor e da incapacidade funcional em sujeitos com instabilidade lombar segmentar e padrões alterados de recrutamento motor. Foi hipotetizado que o início tardio do GM pode alterar a força de compressão na articulação SI e dificultar os mecanismos necessários para a transferência de carga. Este atraso na contração do GM foi identificado naqueles com dor articular na SI. Portanto, parece apropriado que os exercícios sejam dirigidos para melhorar o tempo e a função do GM.
Estudo de uma série de casos foi publicado na The International Journal of Sports Physical Therapy para avaliar o efeito de um programa de fortalecimento do GM em pacientes com disfunção SI. Foram avaliados a força, dor e função antes e após o programa de fortalecimento, em 8 sujeitos durante 10 sessões. O protocolo durava aproximadamente 30 minutos e cada exercício era repetido 10 vezes, com ou sem uma resistência dada por faixas (Figura 1). Essa resistência era reavaliada semanalmente com o intuito de respeitar o principio de sobrecarga na prescrição dos exercícios.
Os resultados do estudo indicaram que haviam diferenças entre o lado com dor e o lado sem dor na força do GM. Após um programa de fortalecimento de cinco semanas direcionado ao GM, os indivíduos demonstraram um aumento significativo na função, diminuição da dor e aumento da força. Estes resultados suportam a inclusão de exercícios de fortalecimento do GM em pacientes com dor persistente na região lombopélvica e testes clínicos positivos para disfunção articular SI.

FONTE: Added. MAN, et al.; STRENGTHENING THE GLUTEUS MAXIMUS IN SUBJECTS WITH SACROILIAC DYSFUNCTION; The International Journal of Sports Physical Therapy; Volume 13, Number 1; February 2018; Page 114; DOI: 10.26603/ijspt20180114.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Mapa Mental - Testes Ortopédicos - Membro Superior


quinta-feira, 22 de março de 2018

Medidas dos Resultados na Dor Lombar Crônica

A dor lombar afeta aproximadamente 1/4 da população, sendo a principal responsável pelo afastamento do trabalho. Diversas técnicas são utilizadas para o seu tratamento e diversos instrumentos são utilizados na avaliação dos resultados das intervenções, entre eles:
  • Numerical Rating Scale (NRS);
  • Roland–Morris Disability Questionnaire (RMDQ);
  • Oswestry Disability Index (ODI)
  • Pain Self-efficacy Questionnair (PSEQ);
  • Patient-specific Functional Scale (PSFS).
Os resultados dos estudos na literatura são extremamente contraditórios e sem uma significância clínica importante. Diversos são os fatores que buscam explicar esse insucesso, entre eles, a falta de consenso sobre o que seria sucesso na terapia medido através destes diversos instrumentos.
Estudo publicado em 2010 na European Spine Journal, buscou avaliar qual seria a mínima mudança clínica significativa nos instrumentos citados acima. Os resultados estão resumidos na tabela abaixo.

O SDC significa a menor mudança detectável pelo instrumento e o MCID a menor diferença clinicamente significativa quando estivermos comparando duas intervenções diferentes. Por exemplo, comparando a intervenção 1 com a intervenção 2, a diferença encontrada nos diversos instrumentos será clinicamente significativa se for maior que o valor de MICD.
Este tipo de informação auxilia não só na pesquisa, quando comparamos diferentes intervenções, mas principalmente na clínica. Se você estiver tratando um paciente de dor lombar crônica e encontrar uma mudança no escore do instrumento maior que SDC, significa que seu tratamento está surtindo efeitos clinicamente significativos. Mais um exemplo, se na escala de dor (NRS) seu paciente relatar melhora maior que 2,4 pontos, numa escala de 0-10, a melhora já pode ser considerada significativa. Isto vale para os demais instrumentos, basta comparar os resultados com os valores de SDC.

FONTE: Elaine F. Maughan • Jeremy S. Lewis; Outcome measures in chronic low back pain; Eur Spine J (2010) 19:1484–1494.

terça-feira, 6 de março de 2018

Série de Exercícios no Reformer

O método Pilates é uma técnica abrangente de condicionamento corporal que visa o desenvolvimento do corpo e da mente do indivíduo. Para este fim, o Pilates incorpora seis princípios fundamentais: centralização, concentração, controle, precisão, respiração e fluxo (Latey, 2002). O treinamento de estabilidade do Core baseado no Pilates, é uma forma de exercício precisa e controlada usando os músculos estabilizadores do corpo (Kilber et al., 2006). Os exercícios que compõem o método enfatizam a contração isométrica dos músculos do Core, que consiste nos músculos abdominais (transverso abdome), extensores profundos da coluna vertebral e músculos do assoalho pélvico.
O Reformer (figura abaixo) é um equipamento de exercícios de resistência projetado por Joseph Pilates. É constituído por uma plataforma que se move de um lado para o outro ao longo de roldanas. A resistência é proporcionada pelo peso corporal e pelas molas ligadas ao carro e à plataforma, e o treinamento realizado com este dispositivo está em conformidade com o princípio da sobrecarga, que é dado pelo número de molas utilizadas durante os exercícios
Estudo publicado no Journal of Bodywork and Movement Therapies em 2017, buscou avaliar se há mudança na força dos extensores lombares e estabilizadores da escápula após um programa de treino com exercícios realizados exclusivamente no reformer. 
Participaram do estudo 24 mulheres sedentárias com idade entre 21 e 34 anos, divididos em 2 grupos, grupo controle e grupo experimental (GE). Os sujeitos do GE realizaram 6 exercícios de alongamento no solo antes dos exercícios no Reformer. Eram realizados 3 séries de 20 segundos:


Os exercícios no Reformer foram realizados 3 vezes por semana durante 50 a 60 minutos, sendo que em cada exercício eram realizados 10 repetições. O protocolo durou 4 semanas, totalizando 12 sessões.

Os grupos foram avaliados através de um dinamômetro, tanto a força dos extensores lombares, quanto a dos estabilizadores da escápula.

Os resultados mostram que houve um aumento significativo na força dos músculos da lombar e dos estabilizadores da escápula somente no grupo que realizou os exercícios propostos. Os autores concluíram que as 12 semanas de treino, 3 vezes por semana, foi suficiente para promover alterações significativas na força, e que por isso podem ser utilizados na pratica clínica, quando o objetivo é fortalecer esses músculos.

FONTE: Nubia Tomain Otoni dos Santos, et al; Increased strength of the scapular stabilizer and lumbar muscles after twelve weeks of Pilates training using the Reformer machine: A pilot study; Journal of Bodywork & Movement Therapies (2017) 21,74-80.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Guia de Pratica Clínica - Avaliação e Tratamento de Dor Cervical Não-Específica

Artigo publicado este mês na Physical Therapy.

FONTE: Jasper D. Bier; Clinical Practice Guideline for Physical Therapy Assessment and Treatment in Patients With Nonspecific Neck Pain; Physical Therapy Volume 98 Number 3; March 2018.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Alongamento para Fascite Plantar


Há um consenso na literatura que dois fatores biomecânicos importantes, a hiperpronação e a diminuição na ADM de dorsiflexão do tornozelo, são responsáveis pelas patologias da fáscia plantar. Do ponto de vista clínico, parece provável que esses dois fatores estejam ligados, na medida em que a falta de dorsiflexion, levará um indivíduo hiper-pronar o pé para compensar a falta de movimento na articulação talo-crural durante a marcha.
Uma intervenção clínica chave na fascite plantar é a recomendação de se prescrever um programa de alongamento para o gastrocnêmio e o sóleo. Isto é geralmente executado na posição de inclinação na parede (Figura abaixo) com o joelho estendido para os gastrocnêmios e fletido para o sóleo.



Entretanto, a posição correta de alinhamento do membro inferior é fundamental para um efetivo alongamento. Utiliza-se duas marcas para orientar o paciente, uma marca no meio do pé, entre o segundo e o terceiro metatarso, e outra marca no meio do fêmur, há 5 cm do joelho.

O paciente agora pode usar o alinhamento vertical das duas marcas para executar o alongamento tanto no gastrocnêmio quanto no sóleo corretamente. Isso produz um estiramento direcionado ao músculo pretendido e preserva o alinhamento do pé. Para qualquer paciente que tenha uma tendência a hiper-pronar, este alinhamento promove uma forte sensação de estiramento.


A maioria dos pacientes que fazem uma pronação excessiva, precisará rodar lateralmente o quadril para trazer a marca do fêmur para o alinhamento vertical com a marca do pé. Isto é melhor feito com os joelhos levemente flexionados. Eles então estendem os joelhos e mantêm o novo alinhamento com rotação externa no quadril. Tente fazer com que o paciente relaxe os pés e os dedos. O esforço principal de re-alinhamento vem dos rotadores externos do quadril, não por participação ativa dos dedos ou pela inversão do pé. Se os sujeitos são incapazes de obter o alinhamento adequado sem supinar excessivamente o pé, isso pode indicar um problema estrutural como a anteversão femoral, e o teste de Craig seria apropriado para verificar isso. O paciente é instruído a praticar o alongamento para ajudá-los a se familiarizarem com a posição recém-alinhada.



FONTE: Calf stretching in correct alignment. An important consideration in plantar fasciopathies; M. Silvester / Journal of Bodywork & Movement Therapies 21 (2017) 212-215.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Mobilização Neural é Efetiva?

Revisão sistemática e Metanálise publicada na JOSPT em 2017 avaliou a eficácia da mobilização neural (MN) na dor lombar, dor cervical, síndrome do túnel do carpo e epicondilalgias. Esta revisão revela os benefícios do MN para dor lombar e na cervical, mas o efeito da MN em outras condições ainda não está claro. Devido à evidência limitada e à qualidade metodológica variável, as conclusões podem mudar ao longo do tempo. Quarenta estudos, com um total de 1759 participantes, foram incluídos na revisão.

Dor lombar
Cervicalgia e dor no braço - Melhora na dor.
Síndrome do Túnel do Carpo (Não houve melhora na dor e na incapacidade)

Os autores no final do estudo recomendam:
  • O Glide lateral cervical melhora a dor nas disfunções cervicais e do Membro superior (nível A);
  • A mobilização na postura SLUMP e na SLR melhora a dor e a incapacidade na dor lombar (nível A);
  • A mobilização neural tem resultados neurofisiológicos positivos em CTS (teste neurodinâmico de membro superior 1) e N-LBP (queda e SLR) (nível A).
  • A MN não tem um efeito positivo na maioria das medidas na STC (nível A).
  • A MN melhora a dor na síndrome do túnel tarsal e no calcâneo (evidência de um único estudo).





FONTE: The Effectiveness of Neural Mobilization for Neuromusculoskeletal Conditions: A Systematic Review and Meta-analysis; JOSPT | volume 47 | number 9 | september 2017 |


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Terapia manual e Exercícios para Patologias do Manguito Rotador

Revisão Cochrane, publicada em 2016, avalia a eficiência da Terapia Manual e dos Exercícios nas patologias do manguito rotador. A patologia do manguito rotador é uma causa comum de dor no ombro. Os doentes geralmente descrevem a sua dor como sendo mais intensa durante a noite, com a piora ocorrendo com movimentos em direções específicas, incluindo movimentos acima da cabeça. Associa-se a incapacidade funcional e em alguns casos a diminuição da força muscular.
A terapia manual engloba a mobilização de articulações e outras estruturas e o exercício físico inclui qualquer movimento intencional de uma articulação, contração muscular ou atividade prescrita. O objetivo de ambos os tratamentos é aliviar a dor, aumentar a força muscular, aumentar a amplitude articular e melhorar a capacidade funcional dos doentes.

Depois de pesquisados todos os estudos relevantes publicados até Março de 2015, incluímos 60 ensaios clínicos nesta revisão (num total de 3620 participantes). Contudo, apenas 10 destes ensaios clínicos estudaram o efeito combinado da terapia manual e exercício físico. Entre os participantes incluídos, 52% eram mulheres, a idade média dos participantes foi de 51 anos e a duração média da patologia de 11 meses. A duração média do tratamento com terapia manual e exercício físico foi de seis semanas.
Os doentes tratados com terapia manual e exercício físico obtiveram um nível de melhoria da dor que se revelou ligeiramente superior ou igual ao dos doentes tratados com o placebo. A melhoria do nível de dor foi superior em cerca de 6.8 pontos (variando entre 0.7 pontos a menos e 14.3 pontos a mais) às 22 semanas (uma melhoria absoluta de 7%).
Cinquenta e sete em cada 100 doentes reportou sucesso terapêutico com o tratamento com terapia manual e exercício físico. Quarenta e um em cada 100 doentes reportou sucesso terapêutico com o tratamento com o placebo. 57 menos 41, corresponde a uma melhoria absoluta de 16% (variando de 2% a 34%).
Trinta e um em cada 100 doentes reportou a ocorrência de eventos adversos associados ao tratamento com terapia manual e exercício físico. Oito em cada 100 pessoas reportou a ocorrência de eventos adversos associados ao tratamento com placebo.

Evidência científica de alta qualidade, proveniente de um ensaio clínico, sugere que a terapia manual e o exercício físico foram responsáveis por uma melhoria ligeiramente superior da capacidade funcional, quando em comparação com o placebo, durante 22 semanas de acompanhamento, sem diferença ou com uma diferença mínima em outras medidas de eficácia importantes para o doente (por exemplo a dor global), com uma taxa relativa de ocorrência de eventos adversos ligeiramente superior.

Evidência científica de baixa qualidade sugere que pode não existir diferença, ou existir uma diferença ligeira na dor global e capacidade funcional, quando a terapia manual e o exercício físico são comparados com a injeção de glucocorticóides e com a descompressão subacromial por via artroscópica.

Não temos a certeza sobre se a magnitude de efeito da associação de terapia manual e exercício físico sobre a melhoria da capacidade funcional é superior, quando comparada com o tratamento com fármacos anti-inflamatórios não esteróides orais (AINEs); e se a associação da injeção de glucocorticóides à terapia manual e exercício físico é responsável por uma melhoria da capacidade funcional superior à injeção isolada de glucocorticóides, dada a qualidade muito baixa da evidência científica atualmente disponível.

Esta revisão demonstra que estamos longe de um tratamento eficiente para as patologias do manguito rotador, tanto fisioterapêuticos, quanto médicos. Melhorar a qualidade metodológicas dos estudos sem dúvida é o primeiro passo.

Longo caminho pela frente.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Como fortalecer o Vasto Medial Oblíquo?

A síndrome patelo-femoral tem múltiplos fatores causadores. Um destes fatores é fraqueza e o atraso na ativação do vasto medial oblíquo (VMO) em comparação com o vasto lateral (VL), que permite a lateralização da patela nos diversos movimentos do joelho.
Será que é existe algum exercício especifico para fortalecer o VMO e estimular sua ativação em comparação com o vasto lateral?
Tae-kyung Lee et al, publicaram um estudo no The Journal of Physical Therapy Science em 2016, que procurou investigar os efeitos dos exercícios de agachamento com vários acessórios, incluindo uma bola de ginástica, uma pequena rampa e uma faixa elástica, no nível de ativação do VMO. Um total de vinte indivíduos saudáveis sem história de lesões neurológicas, músculo-esqueléticas ou dor nos membros inferiores foram recrutados. Todos os indivíduos realizaram quatro tipos de agachamento: o exercício de agachamento convencional, o exercício de agachamento com uma bola entre os joelhos associado com adução do quadril, o exercício de agachamento sobre uma pequena rampa e o exercício de agachamento com uma faixa elástica.

O exercício de agachamento convencional (SE1) é uma postura estática mantida por 6 segundos com os membros inferiores na direção dos ombros e os calcanhares plantados firmemente no chão, enquanto o sujeito dobra os joelhos até um ângulo de 90 graus. O segundo tipo de agachamento (SE2) é semelhante ao SE1 porém com uma bola de ginástica entre os joelhos realizando uma adução dos quadris durante o agachamento. O SE3 é um exercício de agachamento sobre uma pequena rampa. O exercício de agachamento com uma banda elástica (SE4) é também uma extensão de SE1 porém com uma faixa elástica acima do joelhos onde os sujeitos realizam uma abdução do quadril durante o exercício. Os dados de EMG dos músculos VL e VMO foram coletados durante os exercícios de todos os sujeitos.
Os resultados mostraram que não houve diferença significativa do nível de ativação do VMO nos diversos agachamentos. O nível de ativação foi maior no SE1 e no SE3, porém só foi significativo quando comparou o SE3 com SE4, com vantagens para o SE3. Na relação do VMO com o VL, parece que SE1 é o mais efetivo para fortalecer o VMO seletivamente.



Apesar desses resultados, há vários pontos que precisam ser confirmados. Uma vez que os resultados do presente estudo não considerou o ângulo da rampa, a força de adução induzida pela bola e a resistência induzida pela faixa elástica. Um estudo adicional deve ser realizado para tornar os resultados mais claros.

FONTE: Tae-kyung Lee, et al; J. Phys. T 1072 her. Sci. Vol. 28, No. 3, 2016.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Fisioterapia e as Substâncias de Livre Prescrição - Parte 2



(7)- Salix
Várias espécies do gênero Salix, ou salgueiro, já estavam em uso comum para a dor na antiguidade. Um estudo controlado de duas semanas, duplo-cego, aleatorizado e controlado demonstrou a capacidade do extrato de casca de salgueiro (em uma dose equivalente a 240 mg/dia) para controlar os sintomas de OA, especialmente para reduzir a dor, embora com resultados bastante modestos (Schmid, B, 2001). A mesma dose de extrato de casca de salgueiro foi utilizada em outros dois ensaios de seis semanas, randomizados, controlados, duplo-cego em pacientes com OA e artrite reumatóide, comparando a preparação de ervas com um potente AINH (diclofenaco) e com placebo. Não houve melhora significativa do fitoterápico em relação ao placebo e ao AINH (Biegert, C, 2004). 

(8)- Sesamum indicum
O óleo de gergelim (SO) extraído de Sesamum indicum (SI) tem sido usado em vários medicamentos tradicionais da Ásia para aliviar a dor em diversas condições inflamatórias. Em um estudo com pacientes de OA de joelho, a administração oral de gergelim mostrou um efeito positivo na melhoria dos sinais e sintomas clínicos e indicou o fato de que o gergelim pode ser uma terapia adjuvante viável no tratamento da OA (Eftekhar Sadat, B, 2013).

(9)- Symphytum officinalis
Também conhecido como confrei, é uma planta medicinal tradicionalmente usada na Europa para o tratamento de distúrbios inflamatórios. Um estudo com sujeitos entre 50 a 80 anos e com OA do joelho provou que a preparação de confrei aplicada topicamente diminuiu a dor, embora não tenha sido possível diminuir a atuação das moléculas inflamatórias ou a taxa de degradação da cartilagem. A erupção cutânea local foi o único efeito adverso observado (Laslett, L.L, 2012). Resultados semelhantes renderam outro estudo com uma população similar de pacientes de OA no joelho. Uma pomada contendo confrei melhorou a qualidade de vida, diminuindo a dor e aumentando a mobilidade da articulação (Grube, B, 2007).

(10)- Zingiber officinalis
Também conhecido como gengibre, é um tempero comum usado na culinária asiática e um remédio tradicional para doenças articulares. Um estudo recente descobriu que a suplementação de gengibre em pó (1 g / dia) por três meses pode reduzir o nível sérico de marcadores inflamatórios como o óxido nítrico e a proteína C-reativa, em pacientes com OA no joelho. Os marcadores inflamatórios começaram a diminuir após três semanas de tratamento (Naderi, Z, 2016).

(11)- Whitania somnifera
Também conhecido como Ashwagandha, é uma potente planta anti-osteoartrítica e anti-inflamatória usada na Medicina Ayurveda. Um estudo randomizado, duplo-cego controlado com placebo, mostrou que o extrato aquoso de Ashwagandha produziu redução significativa na dor, rigidez e deficiência em indivíduos com dor nas articulações do joelho. A resposta terapêutica parece ser dependente da dose e livre de quaisquer distúrbios gasto-intestinais significativos. A dose usada no estudo que mostrou resultados positivos foi de 250 mg.

Concluindo:
Vários extratos de plantas medicinais mostraram tendências de benefícios clínicos e bioquímicos com baixo risco de efeitos colaterais em pacientes artríticos que justificam uma investigação mais aprofundada, incluindo avaliação de imagem e histológica. A busca de suplementos de ervas efetivos como terapia complementar de artropatias degenerativas é uma questão complexa e implica um longo processo, já que os estudos apresentam desenhos e protocolos muito diversos, dificultando a comparação. Diversas metanálises mostraram resultados positivos mas indicaram a necessidade de estudos com melhor qualidade metodológica. Os estudos disponíveis não avaliaram o efeito de extratos de plantas sobre a progressão da doença ou o prognóstico. Para este fim, estudos de maior duração devem ser realizados. Quase nenhum estudo confirmou em humanos os mecanismos biológicos de extratos de ervas encontrados in vitro ou em estudos com animais, sendo que a maioria dos estudos disponíveis estão focados apenas na avaliação do alívio sintomático induzido pelo tratamento à base de plantas. Apesar de suas vantagens, os tratamentos à base de plantas possuem várias preocupações, tais como interações fármaco-ervas, baixa biodisponibilidade, falta de padronização e diretrizes regulatórias insuficientes. É necessária mais evidências de eficácia, segurança e mecanismos de ação da planta medicinal, antes que o tratamento com ervas possa ganhar um lugar nas diretrizes terapêuticas da OA e AR.

FONTE: Dorin Dragos, et al.; Phytomedicine in Joint Disorders; Nutrients 2017, 9, 70.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Fisioterapia e as Substâncias de Livre Prescrição - Parte 1

Acordão publicado em 1° de abril de 2017, número 611, aprovou, por unanimidade, a normatização da utilização e/ou indicação de substâncias de livre prescrição pelo fisioterapeuta, observando-se ainda que:
I – O fisioterapeuta poderá adotar as referidas substâncias, de forma complementar à sua prática profissional, somente quando os produtos prescritos tiverem indicações de uso relacionadas com o seu campo de atuação e embasadas em trabalhos científicos ou em uso tradicional reconhecido, atendendo aos critérios de eficácia e segurança, considerando-se as contraindicações e oferecendo orientações técnicas necessárias para minimizar os efeitos colaterais e adversos das interações existentes, assim como os riscos da potencial toxicidade dos produtos prescritos.

São considerados substâncias de livre prescrição: plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos/fitofármacos, medicamentos antroposóficos, medicamentos homeopáticos, medicamentos ortomoleculares, florais, medicamentos de livre venda para fonoforese e iontoforese, fotossensibilizadores para terapia fotodinâmica nos distúrbios cinético-funcionais.


Estudo de revisão publicado em 2017 na Nutrients, levantou as informações científicas disponíveis sobre determinadas plantas medicinais que já foram testadas em humanos. Vamos mostrar algumas delas e suas evidências mais recentes.

(1)- Arnica montana
Esta planta tem sido usada há séculos no herbalismo tradicional como remédio para condições relacionadas ao trauma, distensão e/ou inflamação do sistema locomotor, e é um dos remédios naturais mais utilizados para condições reumatológicas.
Knuesel O, et al (2002) publicou um ensaio clínico multicêntrico aberto que investigou a segurança e a eficácia de um gel de planta fresca de Arnica montana, aplicado duas vezes ao dia, em 26 homens e 53 mulheres com osteoartrite leve a moderada (OA) do joelho. Após 3 e 6 semanas, houve diminuições significativas nos escores médios totais no WOMAC. As pontuações nas sub-escalas de dor, rigidez e função também mostraram reduções significativas. A taxa global de eventos adversos locais foi de 7,6% que incluiu apenas uma reação alérgica. Sessenta e nove pacientes (87%) avaliaram a tolerabilidade do gel como "bom" ou "Muito bom" e 76% o usariam de novo. A aplicação tópica de Arnica montana gel durante 6 semanas foi um tratamento seguro, bem tolerado e efetivo de OA leve a moderada do joelho. 
Os efeitos de ibuprofeno (5%) e arnica (50 g de tintura / 100g,  DER 1:200), como preparações de gel em pacientes com osteoartrite e com confirmação radiológica sintomaticamente ativa das articulações interfalângicas das mãos, foram avaliadas num estudo aleatorizado, duplo cego em 204 pacientes, para verificar diferenças no alívio da dor e função da mão após 21 dias de tratamento. O estudo não mostrou diferenças significativas entre os dois grupos na dor e nas melhorias da função da mão. Eventos adversos foram relatados por seis pacientes (6,1%) que usaram ibuprofeno e em cinco pacientes (4,8%) que usaram arnica. Os resultados confirmam que a preparação de arnica não é inferior ao ibuprofeno ao tratar osteoartrite das mãos (Widrig, R, 2007). Resultados semelhantes foram descritoe em uma revisão da Cochrane (2013).

(2)- Boswellia serrata
Usado há séculos na medicina Ayurveda (onde se chama sallaki) Boswellia serrata (BS) produz uma resina de goma, conhecida como incenso, eficaz no tratamento de distúrbios inflamatórios [30], particularmente artrite. Hoje em dia, muitas combinações anti-artríticas contêm BS.
Uma revisão sistemática da Cochrane (2014), concluiu que as preparações da BS "mostram tendências de benefícios", quando utilizadas para o tratamento da OA, associadas a uma baixa carga de efeitos colaterais, citando dois estudos de alta qualidade e dois de qualidade moderada demonstrando superioridade comparado ao placebo em reduzir a dor e aumentar a função. 
Uma formulação contendo extratos de Curcuma longa e Boswellia serrata foi avaliada quanto à segurança e eficácia em pacientes com osteoartrite e diretamente comparada com o inibidor seletivo de COX-2, o celecoxib (Kizhakkedath R, 2013). No total, 54 indivíduos foram selecionados, 30 indivíduos participaram do estudo, sendo que 28 foram até o final. O tratamento foi bem tolerado e não produziu nenhum efeito adverso nos pacientes. As substâncias (500 mg) administrada duas vezes ao dia, foi mais bem sucedida do que a administração de celecoxib 100 mg duas vezes ao dia, na avaliação de sintomas e no exame clínico. Foi considerada segura e nenhuma toxicidade relacionada à dose foi encontrada.

(3)- Curcuma
Os extratos de Curcuma demonstraram ser úteis na osteoartrite do joelho, reduzindo a dor e preservando a funcionalidade, com uma eficiência equivalente ao ibuprofeno, porém com menos efeitos colaterais gastrointestinais (Kuptniratsaikul, V, 2014). Uma meta-análise recente encontrou evidências científicas relevantes para a eficácia da Curcuma como uma opção terapêutica na artrite, mas concluiu que são necessários mais estudos para comprovar sua eficácia.

(4)- Equisetum arvense
Equisetum arvense, também conhecido como rabo de cavalo, tem uma longa história de uso na etnomedicina européia como remédio anti-inflamatório. O efeito benéfico da rabo de cavalo na atrite reumatóide foi fundamentado por um estudo que apontou a diminuição do TNF-alfa como um dos mecanismos contribuintes.

(5)- Harpagophytum procumbens (HP)
Também conhecido como garra do demônio, uma planta medicinal nativa da África, é uma "celebridade" entre os remédios naturais anti-osteoartrite, sendo aprovada na Alemanha para o tratamento de doenças degenerativas do sistema músculo-esquelético.
Vários estudos clínicos em humanos mostraram que a HP (50-60 mg por dia, administrados por um período variável entre 8 e 16 semanas, dependendo do estudo) melhoraram significativamente o quadro clínico de indivíduos com osteoartrite do joelho e do quadril em termos de dor, limitação de movimento e sinais de crepitação.

(6)- Panax notoginseng
Panax notoginseng (PN), conhecido como sanqi em chinês, tem uma longa história de uso clínico para o tratamento de lesões traumáticas, edema e dores. A mesma combinação de PN com Rehmannia glutinosa e Eleutherococcus senticosus, administrada como cápsulas, 4 cápsulas de 400 mg por dia durante seis semanas, melhorou a função física e a dor de acordo com a versão coreana do questionário WOMAC em 57 pacientes com OA no joelho e foi considerado efetivo para alívio sintomático.

FONTE: Dorin Dragos, et al.; Phytomedicine in Joint Disorders; Nutrients 2017, 9, 70.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Fascite Plantar em Corredoras

A fascite plantar é um patologia do pé muito comum. Foi a terceira lesão com maior incidência em  um estudo prospectivo com corredores publicado em 2002, com uma incidência de 7,9%.

Por falar em Incidência, você sabe a diferença entre INCIDÊNCIA e PREVALÊNCIA?
A figura acima explica de maneira muito didática essa diferença. A incidência é proporção de novos casos, enquanto a prevalência é o número de casos já existentes. A prevalência pode diminuir com a cura da patologia ou com o óbito.Então, o aparecimento de novos casos por ano de fascite plantar em corredores fica em torno de 7,9%.

A fáscia plantar é um importante tecido na manutenção do arco plantar longitudinal medial e desempenha uma função de absorção de choque durante a caminhada e corrida. A inflamação da fáscia plantar é o que caracteriza a fascite plantar.
A pronação excessiva do pé, a diminuição na dorsiflexão e a carga excessiva tem sido citados na literatura como possíveis causadores da fascite, porém com estudos que mostram resultados contraditórios, ora corroborando, ora não indicando nenhuma relação.
Estudo publicado na Clinical Journal Sport Medicine avaliou 25 corredoras com histórico de pelo menos uma vez de fáscite plantar e 25 corredoras sem histórico da lesão. Foram medidos a dorsiflexão do tornozelo com o joelho estendido e fletido, usando um goniômetro; o valgo do calcâneo, que é uma medida da pronação do retropé; a força de reação do solo e por fim o arco plantar longitudinal medial. As últimas medidas foram avaliadas durante a corrida.
Os resultados do estudo sugerem que os corredores com história de fascite plantar apresentaram maior amplitude de movimento de dorsiflexão passiva no tornozelo, bem como menores valgo do calcâneo e arcos plantares em comparação com indivíduos do grupo controle. Além disso, exibiram medidas cinemáticas do plano sagital e frontal similares durante a corrida e picos de impacto vertical e  taxas de carga maiores no grupo com fascite plantar. Os resultados da dorsiflexão estão em desacordo com a maioria dos achados da literatura. Porém neste estudo não foram excluídos os sujeitos que já estivessem passados por algum tipo de tratamento, lembrando que o treino de flexibilidade é um importante componente do tratamento fisioterapêutico. O menor arco plantar dos sujeitos com fascite, reforça a ideia que o problema é mais relacionado ao médio pé que o retropé. O valgo do retropé menor encontrado no estudo pode ser explicado pela dorsiflexão maior, já que tem sido proposto, que a pronação excessiva pode ocorrer devido a uma diminuição da dorsiflexão como compensação.
Para concluir o menor arco plantar associado à maior descarga de peso foram associadas a história de fascite plantar em corredores femininos.

FONTE: Pohl, MB; Biomechanical and Anatomic Factors Associated With a History of Plantar Fasciitis in Female Runners; Clin J Sport Med; Volume 0; Number 0; Month 2009.

VEJA TAMBÉM: Fascite Plantar

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

DOR ANTERIOR DO JOELHO: Que músculos devemos fortalecer?

A dor anterior do joelho (DAJ) ou retropatelar é muitas vezes chamada de dor femoral patelar. Você pode sentir essa dor depois de se exercitar ou quando se senta durante muito tempo. A dor pode ser uma dor irritante ou uma ponta aguda ocasional. O tratamento tradicionalmente se concentrou no próprio joelho e pode incluir fortalecimento dos músculos do joelho. No entanto, evidências recentes sugerem que fortalecer seus músculos do quadril também pode ajudar. A teoria é que fortes músculos do quadril podem diminuir o estresse no joelho. Um estudo publicado na edição de janeiro de 2018 da JOSPT fornece novos insights e sugestões baseadas em evidências sobre como fortalecer sua perna inteira para diminuir sua dor no joelho e ajudá-lo a retornar à atividade completa.
Os exercícios de fortalecimento para DAJ  tem historicamente focado nos músculos do quadríceps, porque ajudam a controlar o movimento da patela (B). Há evidências de que os músculos do quadril mais fortes podem ajudar a diminuir o estresse sob a patela, indicando que é melhor fortalecer os músculos do joelho e do quadril para evitar o movimento mostrado acima, que pode causar dor no joelho (C).

A revisão sistemática com Metanálise availiou 14 estudos publicados que incluíram 673 pacientes com DAJ moderada a grave. Os pesquisadores descobriram que combinar o exercício de fortalecimento do quadril e joelho não é apenas eficaz, mas também é superior ao simples fortalecimento dos músculos do joelho para diminuir a dor e ajudar as pessoas a retornar às suas atividades normais. O outro achado importante é que os benefícios desses exercícios duraram mesmo depois que os pacientes completaram sua fisioterapia.
Os exercícios concebidos para fortalecer os músculos da coxa (quadríceps) e do quadril (abdutores, rotores laterais e extensores) são benéficos para aqueles com DAJ. As evidências sugerem que esses exercícios devem ser realizados 3 vezes por semana durante pelo menos 6 semanas. Se você teve uma dor de moderada a grave por pelo menos 3 meses, essa abordagem de exercício pode ser benéfica para você. Seu fisioterapeuta pode avaliar esses músculos, determinar quais podem ser fracos e ajudar a personalizar um programa que melhor atenda às suas necessidades.

FONTE: Hip and Knee Strengthening Is More Effective Than Knee Strengthening Alone for Reducing Pain and Improving Activity in Individuals With Patellofemoral Pain: A Systematic Review With Meta-analysis; journal of orthopaedic & sports physical therapy | volume 48 | number 1 | january 2018 |

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

EMG - Serrátil, Trapézio Superior e Trapézio Inferior

A estabilidade da escápula tem um papel fundamental na patogênese de diversas alterações no ombro. Ativação excessiva do trapézio superior, associado a ativação diminuída do trapézio inferior e serrátil anterior, são algumas das alterações causadoras de dor no ombro. Prescrever exercícios que atuem seletivamente nestes músculos, é uma estratégia importante na reabilitação dos pacientes com este tipo de desordem.
Artigo publicado no The Journal of Strength and Conditioning Research em 2012, procurou avaliar quais exercícios são mais seletivos de determinados músculos, e em que intensidade é esta ativação, baixa ou alta. Sabemos que para um ganho de força efetivo durante um programa de reabilitação, é necessário que a ativação muscular seja pelo menos maior que 60% da ativação máxima.


Resultados:
  • Os exercícios 1,4 e 5 obtiveram altos níveis de ativação do Trapézio Superior (TS);
  • Os exercícios 2 e 5 - Trapézio Médio (TM);
  • 4 e 5 Trapézio Inferior (TI);
  • E o 1 e o 7 ativaram mais o Serrátil Anterior.


  • Os exercícios 1, 3 e 7 ativaram predominantemente o Serrátil comparado com o TS;
  • 2, 3, 4, 5 e 7 - o TI sobre o TS;
  • 2 e 4 - o TM sobre o TS;
  • Os exercícios 3 e 7 ativaram ambos, o TI e o Serrátil, quando comparado com o TS.

Diante destes resultados, fica mais fácil prescrever os exercícios específicos para determinado músculo, mediante uma avaliação do quadro clínico do paciente, com o objetivo de tratar a disfunção. É preciso ser específico, não dá pra fazer tudo em todos os pacientes. Cada paciente tem a sua disfunção muscular específica.

FONTE: ANDERSEN, CH, - SCAPULAR MUSCLE ACTIVITY FROM SELECTED STRENGTHENING EXERCISES PERFORMED AT LOW AND HIGH INTENSITIES - Journal of Strength and Conditioning Research - VOLUME 26 | NUMBER 9 | SEPTEMBER 2012 |