Revisão Cochrane, publicada em 2016, avalia a eficiência da Terapia Manual e dos Exercícios nas patologias do manguito rotador. A patologia do manguito rotador é uma causa comum de dor no
ombro. Os doentes geralmente descrevem a sua dor como sendo mais intensa
durante a noite, com a piora ocorrendo com movimentos em direções específicas, incluindo
movimentos acima da cabeça. Associa-se a incapacidade funcional e em alguns
casos a diminuição da força muscular.
A terapia manual engloba a mobilização de articulações e
outras estruturas e o exercício físico inclui qualquer movimento intencional de
uma articulação, contração muscular ou atividade prescrita. O objetivo de ambos
os tratamentos é aliviar a dor, aumentar a força muscular, aumentar a amplitude
articular e melhorar a capacidade funcional dos doentes.
Depois de pesquisados todos os estudos relevantes publicados
até Março de 2015, incluímos 60 ensaios clínicos nesta revisão (num total de
3620 participantes). Contudo, apenas 10 destes ensaios clínicos estudaram o
efeito combinado da terapia manual e exercício físico. Entre os participantes
incluídos, 52% eram mulheres, a idade média dos participantes foi de 51 anos e
a duração média da patologia de 11 meses. A duração média do tratamento com
terapia manual e exercício físico foi de seis semanas.
Os doentes tratados com terapia manual e exercício físico
obtiveram um nível de melhoria da dor que se revelou ligeiramente superior ou
igual ao dos doentes tratados com o placebo. A melhoria do nível de dor foi
superior em cerca de 6.8 pontos (variando entre 0.7 pontos a menos e 14.3
pontos a mais) às 22 semanas (uma melhoria absoluta de 7%).
Cinquenta e sete em cada 100 doentes reportou sucesso
terapêutico com o tratamento com terapia manual e exercício físico. Quarenta e
um em cada 100 doentes reportou sucesso terapêutico com o tratamento com o
placebo. 57 menos 41, corresponde a uma melhoria absoluta de 16% (variando de 2% a 34%).
Trinta e um em cada 100 doentes reportou a ocorrência de
eventos adversos associados ao tratamento com terapia manual e exercício
físico. Oito em cada 100 pessoas reportou a ocorrência de eventos adversos
associados ao tratamento com placebo.
Evidência científica de alta qualidade, proveniente de um
ensaio clínico, sugere que a terapia manual e o exercício físico foram
responsáveis por uma melhoria ligeiramente superior da capacidade funcional,
quando em comparação com o placebo, durante 22 semanas de acompanhamento, sem diferença
ou com uma diferença mínima em outras medidas de eficácia importantes para o
doente (por exemplo a dor global), com uma taxa relativa de ocorrência de
eventos adversos ligeiramente superior.
Evidência científica de baixa qualidade sugere que pode não
existir diferença, ou existir uma diferença ligeira na dor global e capacidade
funcional, quando a terapia manual e o exercício físico são comparados com a
injeção de glucocorticóides e com a descompressão subacromial por via
artroscópica.
Não temos a certeza sobre se a magnitude
de efeito da associação de terapia manual e exercício físico sobre a melhoria
da capacidade funcional é superior, quando comparada com o tratamento com
fármacos anti-inflamatórios não esteróides orais (AINEs); e se a associação da injeção de glucocorticóides à terapia manual e exercício
físico é responsável por uma melhoria da capacidade funcional superior à
injeção isolada de glucocorticóides, dada a qualidade muito baixa da evidência
científica atualmente disponível.
Esta revisão demonstra que estamos longe de um tratamento eficiente para as patologias do manguito rotador, tanto fisioterapêuticos, quanto médicos. Melhorar a qualidade metodológicas dos estudos sem dúvida é o primeiro passo.
Longo caminho pela frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário