Evidências recentes tem demonstrado que a síndrome patelofemoral (SPF) pode ser causada não só por fatores locais (fraqueza dos músculos ao redor da articulação, alteração no sulco troclear...), mas também em fatores à distância, como por exemplo fraqueza dos músculos do quadril (abdutores, rotadores externos e extensores), excesso de adução, rotação interna e inclinação do tronco durante as tarefas funcionais e diminuição na força dos músculos flexores laterais do tronco. Estas alterações geram maior demanda do quadríceps o que leva a um maior stress na articulação patelofemoral.
Artigo publicado na JOSPT (2014), avaliou o efeito do treino de força dos músculos do quadril e do controle funcional do tronco comparado com o tratamento focado exclusivamente no fortalecimento do quadríceps em sujeitos com SFP. O estudo foi controlado, randomizado e simples-cego, que teve a participação de 31 mulheres ativas com SPF e foram avaliadas a dor, função, cinemática do membros inferior e tronco, endurance dos músculos do tronco e força excêntrica do quadril e joelho. Foram 2 meses de intervenção e reavaliação após 3 meses. A intensidade da dor foi avaliada por meio da escala visual analógica (EVA), a função através do Lower Extremity Functional Scale (LEFS) e do single-leg triple-hop test (SLTH), para avaliar a melhora no status de saúde foi realizado a escala global rating of change (GRC), para avaliação cinemática foi usado câmeras integradas com um sistema de avaliação (MotionMonitor software) durante o single-leg squat test, para avaliação da endurance dos músculos do tronco foi marcado o tempo que o sujeito conseguia manter uma determinada postura estática, e por fim, para avaliar a força dos músculos do tronco foi utilizado um dinamômetro isocinético.
Os sujeitos foram divididos em dois grupos. O grupo 1 (ST) realizou exercícios de alongamento e fortalecimento de quadríceps, com e sem descarga de peso.
O segundo grupo (FST) foi similar ao utilizado por Baldon et al (2012) e constou de exercícios de fortalecimento do quadril, membro inferior e tronco.
Os sujeitos do grupo FST após 3 meses de intervenção diminuíram a dor e melhoraram a função comparado com o outro grupo. Menos inclinação do tronco, depressão da pelve contralateral, adução do quadril e maior movimento de flexão do quadril durante o single-leg squat, foram observados no grupo FST após a intervenção. A força excêntrica dos abdutores do quadril e flexores do joelho e a endurance dos músculos do tronco, também foram significativas somente no grupo FST.
Um aspecto clínico importante que deve ser enfatizado é o constante feedback dado pelo fisioterapeuta nos exercícios do grupo FST, para manter o alinhamento do membro inferior durante os exercícios de descarga de peso, que pode ser observado nas imagens acima.
O estudo teve algumas limitações que devem ser citadas: o número pequeno de sujeitos, a avaliação não foi duplo-cego, o número maior de exercícios do grupo FST aumentou em 30 minutos a sessão de tratamento quando comparado com o grupo ST e por último, os resultados não podem ser extrapolados para homens, já que somente mulheres participaram do estudo.
As implicações clínicas deste estudo diz que é fundamental um programa de fortalecimento dos abdutores, extensores e rotadores externos do quadril, combinados com orientações sobre o alinhamento dos membros inferiores durante atividades de descarga de peso no tratamento de mulheres com SFP.
FONTE: BALDON et al; Effects of Functional Stabilization Training on Pain, Function, and Lower Extremity Biomechanics in Women With Patellofemoral Pain: A Randomized Clinical Trial; Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy | Volume 44 | Number 4 | April 2014.
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