A dor lombar (LBP) é uma condição comum nos tempos atuais. Cerca de 85% das pessoas já tiveram pelos menos um episódio de dor lombar durante sua vida. Diversas são as causas, e por isso difícil é o diagnóstico preciso da etiologia. A fonte da dor pode estar localizada em estruturas da região lombar, mas outras estruturas como as articulações sacroilíacas e quadril podem ser a fonte ou uma das possíveis causas da dor. Diversos autores tem mostrado a relação da LBP com a mobilidade da própria lombar, com a mobilidade e força na articulação do quadril e com a mobilidade da articulação sacroilíaca.
Artigo publicado na Musculoskeletal Care de 2012 lista uma série de testes com alta sensibilidade e especificidade que devem ser incluídos na avaliação física de rotina de pacientes com LBP.
- Mobilidade: Flexão lombar, extensão e rotação associado ou não com a dor, devem ser quantificado e qualificado.
- A flexão é avaliada com o paciente em pé com os joelhos estendidos e o examinador posicionado atrás. Sintomas de periferização da dor devem ser observados, o que sugere compressão de raiz nervosa. A flexão limitada pode ser pela rigidez dos isquiotibiais, limitações na sacroilíaca ou na mobilidade espinhal. Diminuição da irradiação da dor durante movimento repetitivo, conhecido como centralização da dor, indica preferência direcional do movimento. Movimentos combinados conhecidos como teste do quadrante também podem ser utilizados. O teste avalia tanto a compressão de raiz quanto as estruturas posteriores no lado da rotação. Dor irradiada indica compressão, dor localizada no mesmo lado da rotação indica sobrecarga nas estruturas posteriores.
- Agachamento: Permite avaliar força dos extensores do joelho e do quadril e observar a quantidade e qualidade do movimento no quadril, joelho e tornozelo. Fraqueza ou desequilíbrio muscular, limitação articular e dor e assimetria na distribuição de peso podem ser observados durante o agachamento. Nas figuras abaixo são mostrados o padrão normal (A) e a disfunção (B).
- Mobilidade do quadril: É avaliado a flexão, extensão, rotação interna (RI) e externa(RE). Limitação na RE e RI tem forte associação com a dor lombar e presença de coxartrose. Movimentos combinados do quadril também podem ser utilizados. Flexão, adução e RI (FAIR) são elementos do Hip Scour Test, e dor anterior sugere lesão acetabular. O FAIR também identifica síndrome do piriforme (Figura abaixo). O movimento combinado de flexão, abdução e RE (FABER) pode ser utilizado, e dor na região medial do quadril indica alteração articular. Um teste FABER positivo pode indicar também uma restrição na cápsula anterior ou posterior. Dor na nádega contralateral, pode indicar uma disfunção sacroilíaca.
- Testes de provocação da sacroilíaca: O Thrust test avalia possível disfunção na sacroilíaca. É feito uma compressão no fêmur pra baixo com o sacro estabilizado pelo examinador, conforme figura abaixo. Dor indica disfunção na articulação. O Thrust test faz parte de ma bateria de 5 testes que auxiliam no diagnóstico das disfunções da sacroilíaca. São eles: o Thrust test, FABER test, teste de distração, de compressão e o Gaenslen. A recomendação das revisões sobre o assunto, diz que desses 5 testes, se 3 forem positivos, a probabilidade de haver uma disfunção sacroilíaca fica em torno de 65-93% e mais do que 3, a probabilidade aumenta para 77-99%.
- O teste de Thomas, semelhante ao Gaenslen Test, também seria importante realizar para medir a flexibilidade do Iliopsoas e Reto femoral. Para medir a flexibilidade dos Isquiotibiais, o teste de elevação da perna estendida. Uma diminuição de até 20° na flexão do quadril é considerado normal, mas o mais importante é avaliar uma diferença entre os lados, o que gera sobrecarga assimétrica e desgaste maior de uma lado em relação ao outro.
- Teste de Provocação Neural: Slump Teste reproduz os sintomas de uma disfunção de causa neural. O teste é considerado positivo de aparecer a dor durante o teste, e se essa dor for aliviada com a extensão da cervical ou a flexão plantar.
Johnson & Wong - A Narrative Review of Evidence-Based Recommendations for the Physical Examination of the Lumbar Spine, Sacroiliac and Hip Joint Complex; Musculoskelet. Care 10 (2012) 149–161.
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