A Osteoatrite (OA) é uma doença crônica que afeta as articulações, principalmente joelho e quadril, que tem a dor como um importante sintoma limitador. A dor quando associado a rigidez articular, instabilidade e fraqueza, limitam a realização das atividades diárias. Diversos são os tratamentos propostos, dentre eles podemos utilizar a hidroterapia. Em função de suas características físicas, a água é muito utilizada como recurso já que os exercícios neste meio seriam mais facilmente realizados, em função da diminuição do efeito da gravidade e com isso do impacto sobre as articulações que sustentam peso. Fortalecer a musculatura que envolve as articulações comprometidas, é também um importante objetivo no tratamento destes pacientes.
Mas será que o meio aquático promove aumento da força e da função em pacientes com OA?
Recentemente foi publicado um estudo de revisão sistemática na Revista Brasileira de Reumatologia, que avaliou e comparou os efeitos dos programas de exercícios aquáticos na força muscular e na funcionalidade de sujeitos com OA.
Foram selecionados 296 estudos e pelos critérios de exclusão sobraram 12 estudos.
A revisão mostrou que apenas dois dos cinco estudos que avaliaram a força, mostraram diferenças significativas. Wang et al. (2007) conduziram um programa de exercícios durante 12 semanas com 3 sessões semanais, que era composto de exercícios de fortalecimento, aeróbico e flexibilidade com intensidade progressiva e controlada e encontraram aumentos significativos na força isométrica dos flexores e extensores do joelho e dos flexores, extensores, abdutores e adutores do quadril. O outro estudo que mostrou diferença, foi conduzido por Hinman et al. (2007) e utilizou um programa de exercícios 2 vezes por semana durante 6 semanas, com progressão do volume e do grau de dificuldade. Ambos os estudos tiveram como características iguais e fundamentais para o ganho de força, o controle e o aumento da sobrecarga dos exercícios, ponto fundamental para resultar nas adaptações neuromusculares esperadas. Por outro lado, Lund et al. (2008) não encontraram melhora na força após a intervenção, porém atribuíram o resultado negativo a baixa resistência imposta durante os exercícios.
Os estudos que compararam o programa de exercícios aquáticos e os exercícios em terra, mostraram resultados semelhantes na função e na dor, porém quando avaliou-se a força, os exercícios em terra foram mais efetivos quando comparado com a hidroterapia.
Na avaliação da função, os estudos da revisão mostraram que um programa de exercícios na água por 6 semanas ou mais, 2 a 3 vezes por semana e com duração de 45-60 minutos, podem ser efetivos na melhora da mobilidade e da velocidade de marcha.
Diante disto, os autores da revisão concluíram que os programas de exercícios aquáticos com pelo menos 6 semanas que possuem exercícios de fortalecimento e aeróbicos podem aumentar a força de membros inferiores e a função de pacientes com OA. É importante que os programas sejam individuais e que controlem a intensidade e a sobrecarga, princípios fundamentais na prescrição de exercícios efetivos nas adaptações neuromusculares.
FONTE: MATOS et al.; Effects of aquatic exercise on muscle strength and functional performance of individuals with osteoarthritis: a systematic review; Rev Bras Reumatol. 2016;56(6):530–542.
O estudo de Wang et al. (2007), Effects of aquatic exercise on flexibility, strength and aerobic fitness in
adults with osteoarthritis of the hip or knee, utilizou o seguinte programa de exercícios:
- 5 minutos de aquecimento: Caminhada, marcha com mudanças de direção e movimentação dos braços e levantando alternadamente os joelhos;
- 10 minutos de treino de flexibilidade;
- 10 minutos de treino aeróbico que incluíram: Heel Jacks (polichinelo), Rocking Horse, Elbow to Knee (cotovelo no joelho), Jump Jack (outra versão do polichinelo), Cossack Shuffle, Cross-Country Ski and Four Square Waltz Step;
- 10 minutos de exercícios de força para membro inferior:
- 5 minutos de exercícios de força para membro superior;
- 5 minutos de desaquecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário