As fraturas proximais do fêmur são comuns nos idosos, e são consideradas a principal causa de deficiência, comprometimento funcional e morte neste grupo (Kannus P, 2000). A Fisioterapia é um importante componente na prevenção destas alterações e na reabilitação dos idosos após o procedimento cirúrgico, porém, não há ainda um consenso na literatura sobre o protocolo mais eficiente, qual seria a melhor intervenção e qual o tipo e intensidade adequados dos exercícios propostos.
Carneiro MB e et. al. (2013) publicaram uma revisão sistemática sobre os protocolos fisioterapêuticos pós fratura de fêmur em idosos e concluíram que realmente não há um tratamento específico e detalhado que mostrasse mais eficiência. Os exercícios de fortalecimento seriam mais eficientes na melhora da funcionalidade destes pacientes, e a fisioterapia realmente acelera a recuperação dos idosos e a melhora na qualidade de vida, mas não garante o retorno às condições funcionais apresentadas antes da fratura.
Moseley AM et al. (2009) realizou um ensaio clínico randomizado em que o objetivo era testar a eficiência de dois protocolos de exercícios de intensidades diferentes. Os sujeitos foram divididos em dois grupos, o primeiro grupo realizou exercícios de intensidade alta e descarga de peso precoce (G1), e o segundo grupo realizou exercícios de intensidade baixa e descarga de peso limitada (G2). Os autores concluíram que os sujeitos do grupo G1 não apresentaram resultados melhores na avaliação de mobilidade, equilíbrio, AVDs e qualidade de vida quando comparados com o outro grupo, após 4 e 16 semanas de intervenção. Os autores alegam que os exercícios que foram classificados em alta intensidade, não foram altos o suficiente para diferenciar dos exercícios de baixa intensidade e com isso promover alterações mais significativas.
Este é um problema recorrente nestes tipos de estudos, há uma tendência a negligenciar a avaliação dos sujeitos quanto a capacidade de se submeter a exercícios de intensidades maiores, principalmente em indivíduos idosos. O que os autores chamam de ALTA INTENSIDADE não é avaliado de forma individual, e o que pode ser alto para um sujeito, não necessariamente será alto para os outros sujeitos envolvidos na pesquisa. É comum na pratica clínica indicar, principalmente pelos médicos, exercícios de baixa intensidade para idosos, a clássica orientação "fazer hidroginástica", subestimando a sua capacidade e aumentando a possibilidade de deficiências funcionais após a cirurgia.
Farei em breve um curso online sobre prescrição de exercícios para idosos. Não deixem de conferir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário