Fatores de risco para algumas lesões tem sido documentado na literatura, porém as intervenções preventivas são pouco estudadas, talvez seja em função da complexidade das lesões e a relação destas com os fatores de risco.
Os fatores de risco podem ser divididos em intrínsecos (FI) e extrínsecos (FE). O intrínsecos tem relação com as características individuais enquanto os extrínsecos com o ambiente e os equipamentos utilizados na pratica esportiva. É interessante frisar que os FI podem potencializar o risco de uma lesão e também interferir na capacidade funcional do atleta após a recuperação desta mesma lesão. As lesões podem ocasionar inibições neurais que podem alterar o desempenho de forma sutil e persistente em atletas de alto nível, o que pode levar a um aumento da susceptibilidade à lesão, iniciando um ciclo vicioso e perigoso.
O Core pode ser definido como o complexo lombo-pélvico-quadril, que é composto pela coluna lombar, pelve, articulações do quadril e estruturas passivas e ativas que produzem ou restringem os movimentos destes segmentos, e sua estabilidade é definida como a habilidade de controlar a posição e o movimento do tronco sobre a pelve e membros, para permitir a produção, transferência e controle da força e mobilidade destes segmentos em atividades de cadeia cinética fechada. Os músculos paravertebrais, abdominais e glúteos são o foco em treino de estabilidade do Core, e existem evidências que a melhora na sua performance reduz o risco de lesões, por exemplo, estabilidade ruim do Core, pode resultar em disfunção lombar.
Com objetivo de relacionar a performance e outras medidas com as entorses e distensões em membros inferiores em atletas de futebol, Wilkerson et al. (2012), publicaram um estudo na JAT. Para avaliar a performance do Core foram realizados 4 testes baseados no trabalho de McGill (1999), além de questionários que avaliaram a capacidade funcional da coluna lombar, quadril, joelhos e tornozelos; avaliaram também o IMC e a capacidade aeróbica. Estas medidas foram relacionadas com as lesões de membro inferior e calculados os riscos relativos e Odds Ratio.
Os autores observaram que quando comparava o grupo dos atletas lesados com os não lesados, as alterações significativas foram: no questionário que mede a capacidade funcional da lombar (Oswestry Disability Index) e num dos testes que avaliou o Core (Trunk-flexion Hold).
Observaram também, que diversas variáveis aumentavam o risco relativo de lesão quando presentes (Tabela 2), como o desempenho ruim em dois testes do Core, história prévia de lesões no joelho e no tornozelo, IMC maior que 32,7 kg/m2, etc.
E concluíram no final, que a presença de 3 ou mais fatores alterados podem aumentar o risco de uma lesão (Tabela 3), e que estes fatores podem ser avaliados e tratados como forma de prevenção às lesões em programas realizados por exemplo, numa pré-temporada. Os atletas susceptíveis podem ser identificados e um programa preventivo individualizado pode ser prescrito. Os resultados sugerem que o controle motor e a endurance do Core não pode ser negligenciado, principalmente em praticantes de futebol, sejam amadores ou profissionais.
FONTE: Prediction of Core and Lower Extremity Strains and
Sprains in Collegiate Football Players: A Preliminary
Study - JAT -Volume 47 N Number 3 N June 2012
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