quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Fisioterapia e as Substâncias de Livre Prescrição - Parte 2



(7)- Salix
Várias espécies do gênero Salix, ou salgueiro, já estavam em uso comum para a dor na antiguidade. Um estudo controlado de duas semanas, duplo-cego, aleatorizado e controlado demonstrou a capacidade do extrato de casca de salgueiro (em uma dose equivalente a 240 mg/dia) para controlar os sintomas de OA, especialmente para reduzir a dor, embora com resultados bastante modestos (Schmid, B, 2001). A mesma dose de extrato de casca de salgueiro foi utilizada em outros dois ensaios de seis semanas, randomizados, controlados, duplo-cego em pacientes com OA e artrite reumatóide, comparando a preparação de ervas com um potente AINH (diclofenaco) e com placebo. Não houve melhora significativa do fitoterápico em relação ao placebo e ao AINH (Biegert, C, 2004). 

(8)- Sesamum indicum
O óleo de gergelim (SO) extraído de Sesamum indicum (SI) tem sido usado em vários medicamentos tradicionais da Ásia para aliviar a dor em diversas condições inflamatórias. Em um estudo com pacientes de OA de joelho, a administração oral de gergelim mostrou um efeito positivo na melhoria dos sinais e sintomas clínicos e indicou o fato de que o gergelim pode ser uma terapia adjuvante viável no tratamento da OA (Eftekhar Sadat, B, 2013).

(9)- Symphytum officinalis
Também conhecido como confrei, é uma planta medicinal tradicionalmente usada na Europa para o tratamento de distúrbios inflamatórios. Um estudo com sujeitos entre 50 a 80 anos e com OA do joelho provou que a preparação de confrei aplicada topicamente diminuiu a dor, embora não tenha sido possível diminuir a atuação das moléculas inflamatórias ou a taxa de degradação da cartilagem. A erupção cutânea local foi o único efeito adverso observado (Laslett, L.L, 2012). Resultados semelhantes renderam outro estudo com uma população similar de pacientes de OA no joelho. Uma pomada contendo confrei melhorou a qualidade de vida, diminuindo a dor e aumentando a mobilidade da articulação (Grube, B, 2007).

(10)- Zingiber officinalis
Também conhecido como gengibre, é um tempero comum usado na culinária asiática e um remédio tradicional para doenças articulares. Um estudo recente descobriu que a suplementação de gengibre em pó (1 g / dia) por três meses pode reduzir o nível sérico de marcadores inflamatórios como o óxido nítrico e a proteína C-reativa, em pacientes com OA no joelho. Os marcadores inflamatórios começaram a diminuir após três semanas de tratamento (Naderi, Z, 2016).

(11)- Whitania somnifera
Também conhecido como Ashwagandha, é uma potente planta anti-osteoartrítica e anti-inflamatória usada na Medicina Ayurveda. Um estudo randomizado, duplo-cego controlado com placebo, mostrou que o extrato aquoso de Ashwagandha produziu redução significativa na dor, rigidez e deficiência em indivíduos com dor nas articulações do joelho. A resposta terapêutica parece ser dependente da dose e livre de quaisquer distúrbios gasto-intestinais significativos. A dose usada no estudo que mostrou resultados positivos foi de 250 mg.

Concluindo:
Vários extratos de plantas medicinais mostraram tendências de benefícios clínicos e bioquímicos com baixo risco de efeitos colaterais em pacientes artríticos que justificam uma investigação mais aprofundada, incluindo avaliação de imagem e histológica. A busca de suplementos de ervas efetivos como terapia complementar de artropatias degenerativas é uma questão complexa e implica um longo processo, já que os estudos apresentam desenhos e protocolos muito diversos, dificultando a comparação. Diversas metanálises mostraram resultados positivos mas indicaram a necessidade de estudos com melhor qualidade metodológica. Os estudos disponíveis não avaliaram o efeito de extratos de plantas sobre a progressão da doença ou o prognóstico. Para este fim, estudos de maior duração devem ser realizados. Quase nenhum estudo confirmou em humanos os mecanismos biológicos de extratos de ervas encontrados in vitro ou em estudos com animais, sendo que a maioria dos estudos disponíveis estão focados apenas na avaliação do alívio sintomático induzido pelo tratamento à base de plantas. Apesar de suas vantagens, os tratamentos à base de plantas possuem várias preocupações, tais como interações fármaco-ervas, baixa biodisponibilidade, falta de padronização e diretrizes regulatórias insuficientes. É necessária mais evidências de eficácia, segurança e mecanismos de ação da planta medicinal, antes que o tratamento com ervas possa ganhar um lugar nas diretrizes terapêuticas da OA e AR.

FONTE: Dorin Dragos, et al.; Phytomedicine in Joint Disorders; Nutrients 2017, 9, 70.

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