quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Osteoartrose e Corrida

A osteoartrose (OA) é a alteração articular mais comum nos adultos acima de 50 anos e contribui significativamente para diminuição na capacidade funcional. Será que os indivíduos corredores de longa distância a desenvolvem com mais prevalência, em função de se tratar de uma modalidade de esporte de alto impacto? Será que existe esta relação? Chakravarty et al (2008) realizaram um estudo que tinha como objetivo tentar responder esta questão. Os autores do estudo acompanharam 961 sujeitos, divididos em dois grupos, o grupo de corredores (G1; n=538) e grupo controle (GC; n=423). Radiografias dos joelhos foram feitas em seis oportunidades (1984, 1986, 1989, 1993, 1996 e 2002) em ambos os grupos. Todos os sujeitos responderão a um questionário com dados demográficos, história médica, IMC, pratica de exercícios, lesões musculoesqueléticas e status funcional através do HAQ-DI (Health Assessment Questionnaire Disability Index). 
Após a avaliação observou-se que não havia diferenças entre os grupos, os corredores não apresentavam sinais mais precoces e graves de OA avaliados pelas radiografias do que os sujeitos do GC. Esses dados são consistentes com outros estudos (CHENG Y (2000); PANUSH RS(1986); HANNAN MT (1993)) e levam a concluir que a corrida pode não ser fator de risco para as gonartrose e muito menos mecanismo de proteção. No entanto, estes achados não são sustentados por outros estudos, que observaram associação entre esportes de impacto como ballet, futebol e levantamento de peso, com OA.
A força destes resultados está no tempo de observação, quase duas décadas, algo que não foi realizado nos demais. A limitação fica por conta da ausência de avaliação dos sintomas clínicos, já que estudos mostram que não há concordância entre sintomas clínicos e danos mostrados no raio-x, ou seja, nem sempre sinais radiográficos de OA concordam com a presença de sinais como dor. É bom lembrar que os sujeitos selecionados eram saudáveis, que corriam mesmo após a 6ª década de vida, em função disto, há necessidade de cautela na generalização dos resultados quando se tratar de sujeitos que estão iniciando a pratica da atividade.

FONTE: Long Distance Running and Knee Osteoarthritis A Prospective Study; Am J Prev Med. 2008 August ; 35(2): 133–138.

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