quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Rigidez e Flexibilidade

Rigidez passiva e flexibilidade são propriedades musculares freqüentemente consideradas como sinônimas na literatura, apesar de apresentarem diferenças com relação as suas definições. 
Rigidez passiva é a variação na tensão do músculo em função da variação no comprimento, porém sem contração muscular, é uma propriedade mecânica relacionada com a capacidade que este tecido tem de deformar-se. A energia necessária a causar essa deformação é representada pela área abaixo da curva "stress-strain". Quanto maior a energia, maior a deformação, podendo levar, se em excesso, a ruptura do músculo. É uma medida indireta da capacidade que o tem músculo de absorver energia sob ação de forças mecânicas. Portanto, quanto maior a capacidade que o músculo tem de absorver energia, maior a sua rigidez e menor a sua susceptibilidade à lesão. Dessa forma, a rigidez do músculo pode auxiliar não só na prevenção de lesões musculares, como também na melhora do desempenho durante a execução do movimento. Músculos pouco rígidos apresentam maior deformação em resposta a uma força aplicada, o que resulta em maior quantidade de deslocamento articular, diminuindo a estabilidade da articulação que atravessam e aumentando a probabilidade de lesão articular e ligamentar.

A flexibilidade é a capacidade do músculo de alterar o seu comprimento, permitindo que a articulação movimente-se em toda a sua amplitude. É uma maneira de inferir o comprimento muscular. O impacto da alteração da flexibilidade na prevenção de lesões precisa ser melhor estudado, pois os dados são controversos.
Rigidez e flexibilidade estão relacionadas de maneira inversa. Quanto maior a flexibilidade menor a rigidez muscular e vice-versa. Segundo Sahrmann (2005), a movimentação ocorre mais precocemente na articulação menos rígida, em comparação com a articulação que apresentar maior rigidez.
Existe carência de estudos que determinem com precisão a relação existente entre flexibilidade e rigidez muscular, utilizando formas de operacionalização condizentes com a definição de cada propriedade. Dessa forma, Aquino et al (2006) procurou investigar a contribuição da medida de flexibilidade dos isquiotibiais para a rigidez passiva desse grupo muscular. Foram recrutados 33 sujeitos de ambos os sexos (6 homens e 27 mulheres), com idade variando de 18 a 26 anos (média de 21,7 ± 1,8). A rigidez passiva foi avaliada com um dinamômetro isocinético e a flexibilidade por um examinador com os sujeitos na mesma posição. O ângulo articular foi medido em graus e o torque de
resistência, em newton-metros (Nm), sem corrigir os efeitos da gravidade. De acordo com os resultados obtidos, uma percentagem relativamente pequena da variabilidade das medidas de rigidez
passiva total, do 1o, 2o e 3o terços (23%, 29%, 21% e 20%, respectivamente) pode ser explicada pela medida de flexibilidade desse grupo muscular, apesar de as associações entre essas variáveis terem sido significativas.
Esses resultados sugerem que outros fatores, além da flexibilidade, interferem na rigidez articular, dentre eles, podem ser citados a área de secção transversa e as estruturas articulares passivas (tendões, ligamentos e cápsula articular). Dessa forma, a quantidade de tecido contrátil e conectivo presente no músculo parece ser determinante para a rigidez passiva, o que possivelmente restringe a contribuição da flexibilidade para a medida de rigidez. Por isso está errado utilizar as palavras rigidez e flexibilidade como palavras sinônimas. Outro ponto importante é que, a baixa correlação encontrada entre as variáveis justifiquem os resultados obtidos na literatura que não evidenciam o ganho de flexibilidade na prevenção de lesões músculo-esqueléticas.
Os autores chamam a atenção para a necessidade de estudos que investiguem o impacto de programas
de intervenção, como o fortalecimento e o alongamento muscular, na propriedade de rigidez passiva e seus potenciais benefícios na prevenção de lesões.

FONTE: Aquino et al. Análise da relação entre flexibilidade e rigidez passiva dos isquiotibiais; Rev Bras Med Esporte _ Vol. 12, Nº 4 – Jul/Ago, 2006.

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